Varíola dos macacos em cachorro, o que isso pode significar para o futuro do vírus monkeypox?
A varíola dos macacos e o primeiro caso confirmado em um cachorro despertaram novos olhares para a doença transmitida pelo vírus monkeypox. A descoberta, realizada por um grupo de pesquisadores franceses e publicada na revista periódica científica The Lancet, gerou novos alerta a comunidade médica e autoridades de saúde pública.
O cão teria supostamente contraído a doença de seus tutores, visto que, ambos foram diagnosticados com a doença dias antes.
Dados apresentados demonstram a paridade entre um teste de diagnóstico e uma análise genética, propondo que o vírus encontrado no animal, possuía 100% de compatibilidade com o tipo de vírus de um de seus tutores.
Segundo os autores do estudo, o cão da raça Galgo Italiano, apresentou as primeiras lesões 12 dias depois de seus donos. Descreve, ainda, que o animal apresentou lesões muco cutâneo, o que inclui pústulas (bolhas) no abdômen e ulceração anal fina.
Apesar de até o momento ser um caso isolado, foi mais que suficiente para que as autoridades de saúde pública enviassem novas recomendações de segurança.
O (CDC) Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, por exemplo, anexou os cachorros à sua lista de espécies que podem ser afetadas pela varíola dos macacos, sugerindo que pessoas infectadas evitem contato com seus pets até a recuperação por completo.
O que sabíamos, até então, era que em países considerados endêmicos, com regiões da África Central e Ocidental, era que apenas animais selvagens, como roedores e macacos, eram considerados vetores de transmissão da varíola dos macacos. Até a publicação na revista científica The Lancet, não se havia registrado a infecção em animais domésticos.
Muito embora, a nova descoberta, fomente discussões mais abrangentes acerca dos meios de transmissão e possíveis novos vetores, ainda não temos algo concreto, portanto, não podemos afirmar se a situação inversa ocorre, isto é, se o vírus pode passar dos cães para os humanos.
A comunidade médica entende que o tema ainda precisa de mais estudos, além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), explica que a informação é nova e de muita importância, mas que não surpreende.
“Esse é o primeiro incidente do tipo e ainda estamos aprendendo sobre a transmissão desse vírus de humanos para animais”, declarou a médica Rosamund Lewis, líder técnica sobre monkeypox da OMS ao jornal.
The Washington Post
A nova descoberta também pode representar um novo desafio para as autoridades de saúde pública, diante da possibilidade do vírus monkeypox se adaptar a novos repositórios e vetores na natureza, dificultando o controle de casos.
Quais são as recomendações para humanos e animais?
De modo geral, especialistas orientam para que pessoas com o diagnóstico confirmado de varíola dos macacos limitem conforme for possível o contato com os animais de estimação, para evitar danos à saúde do pet e possíveis propagações.
Embora seja difícil, o ideal é manter os animais em cômodos separados, evitando ter contato direto com a pele do animal, até que a infecção esteja curada, o que ocorre quando todas as lesões da pele estejam completamente cicatrizadas e a pele totalmente recuperada.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, evitar que os cães durmam na cama ou sofá é muito importante, pois o contato com as superfícies contaminadas com a pele do animal, pode transmitir o vírus.
Em casos onde não exista possibilidade de distanciamento do animal, especialistas recomendam que o tutor utilize máscaras quando estiver próximo ao cão, garanta que não ocorra contato das lesões com qualquer parte do corpo do animal, evitando pegar no colo, carinhos e brincadeira, até que esteja totalmente curado (a).
Como a descoberta ainda é muito recente, preconceitos e pensamentos equivocados podem ocorrer, para isso o CDC, faz considerações importantes, para evitar qualquer atitude equivocada contra o cão, sendo elas:
- Não abandone ou sacrifique animais de estimação, devido a uma potencial exposição ao vírus monkeypox;
- Redobre os cuidados de higiene dos utensílios, brinquedos, camas e locais de convívio do animal;
- Se o cachorro ou o gato apresentar qualquer sintoma típico de monkeypox, como letargia, falta de apetite, tosse, secreções nasais, febres e, principalmente, lesões na pele, vale levá-lo para uma consulta com veterinário.
Por fim, redobrar os cuidados é fundamental para evitar que o vírus encontre uma nova espécie para se perpetuar, tornando ainda mais difícil o controle da doença que já se tornou foco de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Leia também: Quais são os Grupos de Risco da Varíola dos Macacos?
Quais espécies são afetadas pelo monkeypox?
Muito antes de o novo surto preocupar autoridades de saúde pública, o vírus monkeypox já era considerado endêmico no continente africano, e circulava entre roedores e primatas, transmitido para o ser humano, principalmente através do contato com esses animais.
Recentemente, o CDC americano declarou que, além de seres humanos, a varíola dos macacos também podem afetar:
- Esquilos;
- Cães-da-pradaria;
- Marmotas;
- Chinchilas;
- Ratos de bolsa de Emin;
- Cachorros;
- Porcos-espinho;
- Musaranhos;
- Primatas não-humanos.
Em afirmações indiretas, o órgão americano, sugere que o vírus também pode infectar ratos, camundongos e coelhos.
Não se sabe se o patógeno pode passar por porquinhos-da-índia, hamsters, gatos, vacas, camelos, ovelhas, porcos ou raposas.
Ressaltamos que: apesar dos animais citados serem possíveis hospedeiros do vírus, não significa que são automaticamente ameaça a vida humana. Desse modo, nada justifica o ataque ou até matar estes animais, fato que já ocorreu com macacos no Brasil.