Varíola dos macacos: o que é, sintomas, transmissão, diagnostico e tratamento
A varíola dos macacos, doença viral muito semelhante à varíola comum, já conhecida e considerada endêmica na África Central e Ocidental, vem se espalhando em níveis preocupantes, levando a OMS (Organização Mundial da Saúde) a fazer alertas de emergência de saúde pública de interesse internacional.
Na data de produção desse post, somamos mais de 31 mil casos confirmados da doença em 83 países, mas o que realmente se sabe sobre a doença transmitida por roedores? Teremos uma nova pandemia? Estas e outras perguntas pertinentes serão respondidas de forma clara, objetiva e completa, neste post, continue lendo.
O que é a Varíola dos Macacos?
A varíola dos macacos é uma doença transmitida pelo vírus Monkeypox do gênero Orthopoxvirus, presente em roedores, portanto, é considerada uma zoonose viral, transmitida para o ser humano a partir animais infectados e de pessoa para pessoa, através do contato e secreções.
Segundo os estudos mais recentes, existem duas cepas geneticamente distintas do vírus da varíola dos macacos, sendo a cepa originária da Bacia do Congo (África Central) e a cepa da África Ocidental. Ambas infectam e causam danos à saúde do ser humano, no entanto, a cepa da África Ocidental, segundo os especialistas, tende a provocar uma forma menos agressiva da doença.
A varíola dos macacos possui um período de incubação de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21 dias, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar de receber o nome “Varíola dos Macacos”, a doença se origina em roedores que transmitem a doença para macacos. O vírus recebe o nome Monkeypox, pois a descoberta da doença se deu primeiramente em macacos, por estudos de um laboratório dinamarquês em 1958.
Segundo o que esclarece a OMS, as classes de animais suscetíveis ao vírus da varíola dos macacos são roedores, como ratos e cão-da-pradaria.
As transmissões em humanos ocorrem por contato próximo às lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama e artigos de higiene pessoal, por exemplo.
Segundo os últimos boletins expedidos pelas autoridades de saúde pública, o novo surto vem sendo transmitido principalmente através do contato físico prolongado, gerando quadros sintomáticos.
Ao que se refere a grupos de risco, pacientes imunodeprimidos, idosos, crianças e homens a partir dos 30 anos estão entre os grupos mais suscetíveis a desenvolver o quadro grave da doença, podendo levar a óbito.
Parte das informações acima, foram retiradas do vídeo do Dr. Drauzio Varella que conta em detalhes os aspectos da varíola dos macacos, esclarecendo alguns mitos:
Sintomas da varíola dos macacos
Os sintomas da varíola dos macacos são:
- Bolhas e feridas na pele, que coçam e doem;
- Febre acima de 38,5°C;
- Calafrios;
- Dor de cabeça;
- Dor muscular;
- Cansaço excessivo;
- Dor nas costas;
- Inchaço e dor nos gânglios (principalmente atrás da orelha e atrás da cabeça);
- Fraqueza e mal-estar.
Segundo o que sugere os estudos mais recentes sobre a varíola dos macacos, 95% dos pacientes apresentam irritações na pele. 2/3 tinham menos de dez lesões.
Em 73% dos diagnósticos positivos, as feridas aparecem primeiro na região do ânus e nos genitais, cerca de 41% apresentavam irritações na mucosa da boca.
Já 62% dos infectados, apresentaram sintomas como febre, inchaço dos linfonodos ou língua, representando 56% dos casos, além de letargia (41%), dor muscular (31%) e dores de cabeça (27%).
Os sintomas citados costumam surgir entre o 5º dia e 21º dia após o contato com o vírus monkeypox, período comum de incubação do vírus, tais sintomas podem durar entre 14 e 21 dias. Durante este período o paciente também pode transmitir a doença para outras pessoas.
O surgimento das bolhas na pele devido à varíola dos macacos
As temidas bolhas e feridas que surgem devido ao vírus da varíola dos macacos, costumam surgir por volta do terceiro dia, após a infecção, surgindo na região da cabeça, face, pescoço, tronco e chegando as extremidades durante o período de 21 dias.
A evolução das lesões provocadas pela varíola dos macacos, ocorrem da seguinte forma:
- Surgem com o aspecto de picadas de mosquito;
- Posteriormente, evoluem para vesículas, semelhantes as da catapora;
- As “bolhas” evoluem em conjunto, em simultâneo, padronizadamente;
- Evoluem para forma de uma espécie de “umbigo” e vão escurecendo rapidamente;
- Posteriormente se transformam em crostas, caem e no local se origina a pele normal.
Segundo os especialistas, apenas após as lesões caírem, que o paciente deixa de transmitir a doença.
Como acontece a transmissão da varíola dos macacos?
A transmissão do vírus da varíola dos macacos ocorre, segundo da Organização Mundial da Saúde, por meio de:
- Contato próximo com as lesões provocadas pela doença;
- Por secreções respiratórias;
- Objetos usados por uma pessoa infectada;
- Inoculação;
- Através da placenta (varíola dos macacos congênita).
Em linhas gerais, o entendimento atual sobre a doença, nos esclarece que a varíola dos macacos é transmitida pelo contato próximo e prolongado com a pessoa infectada, sugerindo a infecção através do contato com as lesões na pele do infectado ou por gotículas expelidas pelo sistema respiratório, como saliva, por exemplo.
A transmissão da varíola do macaco através das relações sexuais
Outra forma de transmissão da doença é através das relações sexuais, segundo ao que declarou a OMS, no entanto, apesar dos poucos estudos, é preciso que existam características especificas para que a transmissão ocorra dessa forma.
Segundo o estudo publicado no jornal New Englad of Medicine, uma pesquisa com 528 pacientes de 16 países, sugeriu que 95% das transmissões ocorreram por meio da atividade sexual. O estudo demonstrou que os infectados apresentavam sintomas anteriores não relacionados a varíola dos macacos, como lesões genitais, feridas na boca ou ânus, fato que pode fazer a doença ser confundida com DSTs.
É muito importante destacar que a varíola não é uma IST, como no caso do HIV, podendo ser transmitida por meio de qualquer tipo de contato físico, seja de homens ou mulheres. Apesar de a prevalência ser em homens, crianças gestantes e idosos estão suscetíveis.
O diagnóstico
O diagnóstico da varíola dos macacos pode ser feita por um médico infectologista ou pelo clínico geral, através da avaliação clínica dos sintomas apresentados e histórico de saúde do paciente.
A confirmação da presença do vírus no corpo humano, só é definida após o teste de PCR, para identificar de forma laboratorial a presença do vírus na corrente sanguínea.
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Como diferenciar a varíola do macaco de outras doenças?
Nas tabelas abaixo você pode encontrar um comparativo, demonstrando as principais características da doença, permitindo a diferenciação entre outras doenças de pele comuns, capazes de gerar bolhas.
Características | Coceira | Cor do líquido | Local | |
Varíola dos macacos | Caroços vermelhos e que aumentam de tamanho. Com o tempo, as lesões secam e formam uma casca. | Positivo | Esbranquiçado, semelhante a pus. | Rosto e boca, podendo se espalhar por todo o corpo, principalmente extremidades. |
Herpes zóster | Bolhas/lesões na pele de tamanhos diferentes avermelhadas. | Positivo | Incolor | Tórax e barriga, principalmente, em apenas um lado do corpo. |
Alergia na pele | Pequenos caroços brancos ou avermelhados | Positivo | Transparente, podendo não ter líquido, em alguns casos. | Em qualquer região do corpo. |
Sífilis | Pequenas feridas ou caroços | Negativo | Incolor | Região genital, ânus e boca |
Catapora/varicela | Caroços vermelhos que dão origem a pequenas bolhas com líquido. Após rompimento, há formação de ferida com casca | Positivo | Incolor, escurecendo ao longo do tempo. | Peito, costas e rosto, podendo se espalhar por todo o corpo |
Impetigo | Semelhantes a espinhas. Após rompimento, há formação de ferida com crosta | Positivo | Esbranquiçado, semelhante a pus. | Nariz, boca, pernas, pés, peito e barriga. |
As referências contidas na bela acima, não substituem uma consulta com um médico, servindo apenas como parâmetro de comparação.
Tratamento da doença
Atualmente não existe um tratamento específico para varíola dos macacos, além disso, na maioria dos casos a doença costuma desaparecer sozinha, sem a necessidade de tratamento, com seus sintomas durando entre 2 a 4 semanas.
O acompanhamento clínico deve ser realizado com objetivo de aliviar os sintomas, evitando complicações e garantindo que não ocorra sequelas no longo prazo. Outro ponto importante, é a necessidade de cuidar bem das erupções, deixando-as secar, evitando tocar as feridas principalmente nos olhos e boca.
Enxaguantes bucais e colírios podem ser usados desde que os produtos que contenham cortisona sejam evitados. Um antiviral desenvolvido para tratar a varíola (tecovirimat, comercializado como TPOXX) também foi aprovado em janeiro de 2022.
Como prevenir a varíola dos macacos?
As recomendações para prevenir a varíola dos macacos são:
- Evitar o contato próximo com pessoas diagnosticadas com varíola dos macacos;
- Evitar tocar nas bolhas ou entrar em contato com a roupa e objetos de uso pessoal de pessoas que possuem sinais e sintomas de varíola dos macacos;
- Desinfetar e lavar bem as mãos com água e sabão;
- Usar máscaras de proteção.
Como recomendação secundária, mas muito importante, é a de consumir carnes que passaram pelo processo adequado de cozimento, pois a doença, apesar de ser rara, pode ser transmitida de animais para humanos. Vale evitar ter contato com animais silvestres, em especial os roedores, visto que são o principal agente hospedeiro do vírus da varíola dos macacos.
Vacina contra varíola dos macacos
Infelizmente a doença ainda não possui uma vacina de atuação específica para a varíola do macaco, no entanto, existem três vacinas destinadas a varíola comum que possuem eficácia contra a varíola dos macacos. Dados iniciais apontam que o imunizante produzido pela Bavarian Nordic tem efetividade de 85% contra a varíola dos macacos.
Atualmente, as vacinas existentes e que estão aprovadas nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e/ ou na Europa são:
- Jynneos;
- Imvamune;
- Imvanex;
- ACAM2000.
Apesar de eficientes, estas vacinas não são recomendadas para todos os públicos, sendo indicado principalmente para grupos de risco e exposição ao vírus, tais como: profissionais de saúde lidando com casos suspeitos ou confirmados, alguns profissionais de laboratório e pessoas que fazem sexo com múltiplos parceiros.
“A OMS diz que os riscos e benefícios da vacinação direcionada também devem ser avaliados para grupos vulneráveis, como pessoas imunossuprimidas, crianças e mulheres grávidas.”
Corremos riscos de uma nova pandemia, devido à varíola do macaco?
Atualmente é difícil não temer uma nova pandemia, principalmente por estamos saindo de um extremo provocado pelo COVID-19, no entanto, segundo os especialistas as condições são muito favoráveis para que isso não aconteça.
Ao menos é isso que aponta o estudo feito pela BBC News Brasil, sugerindo 10 razões para sermos otimistas quanto a varíola dos macacos, confira:
Felizmente o novo vírus, possui uma agressividade muito inferior à temida varíola comum que assolou o mundo até os anos de 1980, quando foi considerada erradicada e possuía a taxa de mortalidade por volta dos 30%.
Em relação a uma nova pandemia, as condições são desfavoráveis para o surgimento de algo próximo ao que foi o coronavírus, principalmente considerando que os sintomas e transmissão possuem curta duração e na maioria dos casos não precisa de internação.
Em casos específicos, como idosos, crianças e pessoas imunossuprimidas, a doença pode haver uma progressão, podendo levar a casos graves ou óbito, mas dificilmente haverá uma medida restritiva que se assemelhe ao coronavírus.
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Principais perguntas e respostas sobre a varíola dos macacos
Confira quais são as principais dúvidas, respondidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito da Monkeypox.
Monkeypox ou varíola dos macacos, é uma doença zoonótica viral, transmitida para humanos através do contato com animais ou humanos infectados ou também por meio do contato com material corporal humano infectado com o vírus.
Os primeiros e principais sintomas é febre, dor muscular, fadiga, dor de cabeça, fraqueza, dor nas costas e dor nos gânglios (principalmente atrás da orelha e cabeça).
O período de incubação do vírus é em média de 5 a 21 dias, com a transmissibilidade sendo do início dos sintomas até o desaparecimento das lesões na pele.
Na grande maioria dos casos a doença não ocorre na forma grave, os sintomas da varíola dos macacos desaparecem por conta própria dentro de algumas semanas. No entanto, em algumas pessoas, uma infecção pode levar a complicações médicas e até a morte. Bebês recém-nascidos, crianças e pessoas com deficiências imunológicas subjacentes podem estar em risco de sintomas mais graves e morte por varíola dos macacos.