Tratamentos Cirúrgicos e Não Cirúrgicos para Lesão da Cartilagem

Este é um trecho do podcast completo, no qual o Dr. Adriano Leonardi fala exclusivamente sobre lesões na cartilagem do joelho. Neste corte, o especialista explica como é definida a abordagem de tratamento dessas lesões, considerando idade, gênero e grau da lesão. Além disso, comenta como são realizados alguns procedimentos para a regeneração da cartilagem.

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Tratamentos Cirúrgicos e Não Cirúrgicos para Lesão da Cartilagem

A cartilagem é um tecido essencial para o bom funcionamento das articulações, e sua degradação pode resultar em dores, limitação de movimentos e, em casos avançados, comprometimento da qualidade de vida.

O termo “condropatia” refere-se a qualquer doença da cartilagem, e entre as mais comuns estão a condromalácia patelar (afeta a cartilagem da patela) e outras condropatias que podem ocorrer no joelho, tornozelo, quadril, entre outras articulações.

O tratamento para essas lesões varia de acordo com a gravidade e a condição específica de cada paciente, podendo ser conservador (não cirúrgico) ou cirúrgico.

Tratamento Conservador

Grande parte dos pacientes com lesão de cartilagem, especialmente nas fases iniciais, respondem bem a tratamentos conservadores. Uma abordagem comum envolve fisioterapia e exercícios de fortalecimento, que visam melhorar a biomecânica do corpo.

O Dr. Adriano Leonardi destaca que cerca de 80% dos pacientes apresentam disfunções de movimento, muitas vezes relacionadas à fraqueza muscular, especialmente em mulheres com quadris mais fracos.

Nesses casos, a fisioterapia associada a um programa de fortalecimento muscular bem estruturado pode corrigir a movimentação inadequada, eliminando a sobrecarga nas articulações e prevenindo o agravamento da lesão.

Além da fisioterapia, palmilhas podem ser prescritas para pacientes com alterações biomecânicas, como hiperpronação dos pés, que podem gerar pressão excessiva em determinadas áreas da cartilagem. O acompanhamento contínuo e a correção desses fatores, em conjunto com exercícios supervisionados por um treinador especializado, podem proporcionar alívio duradouro dos sintomas, evitando a progressão para tratamentos cirúrgicos.

Tratamentos Cirúrgicos

Nos casos mais avançados de lesões cartilaginosas, onde a cartilagem já foi gravemente danificada, formando erosões ou buracos (erosão condral), pode ser necessária a intervenção cirúrgica.

O Dr. Leonardi ressalta que o tipo de cirurgia depende não apenas da extensão da lesão, mas também da idade e da condição metabólica do paciente.

Ele comenta que, atualmente, o critério de idade pode ser relativo, já que pacientes de 60 anos podem apresentar metabolismos semelhantes aos de pessoas mais jovens, o que influencia a capacidade de regeneração e recuperação pós-operatória.

Técnicas Cirúrgicas Disponíveis

1. Membrana de Colágeno: Este é um dos procedimentos mais comuns no Brasil para regenerar a cartilagem. Trata-se de uma cirurgia aberta, onde o cirurgião raspa a área da cartilagem danificada e faz pequenas perfurações que estimulam as células-tronco do paciente. Em seguida, uma membrana de colágeno é costurada sobre a área afetada. Essa membrana funciona como um “andaime” que induz as células-tronco a se transformarem em condrócitos, regenerando a cartilagem. Esse tratamento tem mostrado bons resultados em muitos pacientes, embora os resultados dependam da biologia individual de cada um.
2. Transplante de Cartilagem: Para lesões maiores, é possível realizar um transplante cartilaginoso, que pode ser feito com tecido do próprio paciente (autólogo) ou de doadores (cadáver). No caso de transplantes autólogos, o cirurgião retira um pequeno pedaço de cartilagem de uma área que não suporta peso, como uma região menos exigida da articulação, e transplanta para o local lesionado. A técnica chamada “mosaicoplastia” é um exemplo, onde pequenos cilindros de cartilagem saudável são retirados e utilizados para preencher as áreas de erosão.
3. Técnicas Avançadas (MACI): Embora não seja realizada no Brasil, existe uma técnica chamada MACI (Implante Autólogo de Condrócitos Cultivados), amplamente utilizada em outros países. Ela envolve a coleta de um pedaço de cartilagem do paciente, que é enviada a um laboratório para ser expandida. Posteriormente, essa cartilagem cultivada é reimplantada na área lesionada. Esse procedimento é considerado avançado e tem como vantagem uma maior taxa de regeneração cartilaginosa.

Prognóstico e Acompanhamento

O sucesso dos tratamentos cirúrgicos, como o uso da membrana de colágeno ou transplantes, depende de diversos fatores, incluindo a idade biológica do paciente, o estado metabólico e a extensão da lesão. Mesmo nos casos onde a regeneração não é perfeita, muitos pacientes relatam significativa melhora nos sintomas e no retorno à funcionalidade.

Por outro lado, a cirurgia não garante 100% de regeneração para todos os pacientes, e o acompanhamento a longo prazo é essencial. Programas de reabilitação pós-operatória são fundamentais para maximizar os resultados.

Além disso, ajustes na biomecânica do movimento e fortalecimento contínuo da musculatura envolvida na articulação afetada são indispensáveis para garantir a longevidade dos resultados.

Considerações Finais

O tratamento para lesão da cartilagem é multifatorial e envolve tanto abordagens conservadoras quanto cirúrgicas. A escolha do tratamento ideal depende de uma avaliação criteriosa, considerando a gravidade da lesão, as características individuais do paciente e os fatores biomecânicos.

Técnicas como a fisioterapia, uso de palmilhas corretivas e fortalecimento muscular são altamente eficazes nas fases iniciais.

Em casos mais graves, a cirurgia, especialmente com o uso de membranas de colágeno ou transplantes, oferece uma solução promissora para a regeneração cartilaginosa, embora o acompanhamento e os cuidados a longo prazo sejam fundamentais para o sucesso do tratamento.