Quem tem TOC pode trabalhar? Entenda as dificuldades e como ajudar uma pessoa com o transtorno!
O TOC não é uma psicopatologia nova, existem registros clínicos de 300 anos do que hoje conhecemos com Transtorno Obsessivo Compulsivo, mas apesar dessa janela enorme de tempo, ainda hoje, estamos falando de uma patologia pouco disseminada para a população, mas que vem crescendo cada vez mais em número de casos.
O transtorno possui seu curso crônico e afeta cerca de 2,5% da população mundial, mas estima-se que esse percentual possa ser muito superior, dado a dificuldade para obtenção de diagnósticos, principalmente quando relacionamos o preconceito e desconhecimento da gravidade do transtorno.
O transtorno está na lista das 10 patologias mais incapacitantes da atualidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, em seu curso crônico, sem o devido tratamento e/ou diagnóstico tardio, a pessoa pode caminha para a incapacitação no trabalho, estudos e até mesmo convívio interpessoal.
Com esse contexto em mente, nesse post, iremos abordar um tema muito importante, quem tem TOC pode trabalhar? Vamos procurar entender os efeitos na vida de uma pessoa e como lidar e aprender a conviver com qualidade de vida, mesmo com o transtorno.
O que é o TOC
O TOC ou Transtorno Obsessivo Compulsivo é um transtorno mental, causado principalmente por desarranjos químicos cerebrais e desequilíbrios de neurotransmissores como a Serotonina.
Mas também, pode ter relação direta com referências e formas como a pessoa aprendeu a lidar com as situações da vida, bem como as ferramentas de validação de situações que uma pessoa utiliza.
Caracterizado por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos, apresenta-se na forma de preocupações em excesso, obsessões, pensamentos impróprios ou ruins, rituais, checagem excessiva, medo e hesitação, desconfortos, aflições, sentimento de culpa e até mesmo depressão.
O transtorno afeta principalmente jovens no início da vida adulta, quando estão começando a jornada da faculdade e primeiros empregos, mas podem se apresentar em indivíduos em qualquer fase da vida, afetando homens e mulheres na mesma proporção.
A pessoa com o quadro desenvolve pensamentos intrusivos, muitas vezes de cunho catastróficos relacionados a perda, danos ou doenças.
Alguns exemplos são:
- A pessoa desenvolve medo de contaminações com doenças;
- A mente da pessoa é invadida com pensamentos violentos ou repugnantes e tabus dos quais ela repudia;
- A pessoa precisa repassar diversas vezes um trabalho ou relatório por acreditar estar errado, ou ser incapaz.
Além dos pensamentos exagerados, a pessoa em razão dos pensamentos obsessivos, acaba desenvolvendo comportamentos compulsivos e ritualísticos, com objetivo de sessar a angústia e ansiedade proporcionada pela obsessão.
Alguns exemplos são:
- Com medo de contaminação a pessoa evita contato com pessoas ou lava a mão tantas vezes a ponto de se ferir;
- A pessoa se isola por acreditar que se sair a rua ira morrer ou alguém próximo ira morrer se sair;
- A pessoa revisa, lê ou reescreve diversas vezes a mesma coisa, por acreditar que está errado, criando dificuldades para entregar o trabalho.
Quem tem TOC pode trabalhar?
Sim! Quem tem TOC pode trabalhar, mas para isso ser possível é preciso a realização adequada do tratamento para o transtorno, principalmente por se tratar de uma doença altamente incapacitante.
No ambiente de trabalho o TOC consegue roubar a produtividade de uma pessoa, não é incomum o portador ter dificuldades para entregar uma tarefa ou relatório, por exemplo. Isso ocorre porque a pessoa normalmente desenvolve características perfeccionistas, inflexibilidade, auto criticas, autoritarismo e dificuldade em lidar com a frustração e incerteza.
Com o surgimento de tais características relacionadas ao transtorno, a pessoa possui uma tendência maior a demorar muito mais tempo em suas atividades, em relação aos seus colegas de trabalho. Isso porque a pessoa acaba tentando realizar todas as tarefas com perfeição, revisando diversas vezes ou refazendo a tarefa inúmeras vezes.
A pessoa com o transtorno no ambiente de trabalho, pode, por exemplo, demorar dias para concluir uma planilha ao invés de algumas horas como os seus colegas, isso acontece devido à necessidade de que a planilha esteja perfeita ou também a necessidade de checagem, alinhamento e rituais diversos durante o processo.
Essa pessoa pode inclusive ter a necessidade de organizar sua mesa ou lipa-la diversas vezes ao dia, bem como sentar e levantar x número de vezes ou até mesmo o processo de ligar o computador ou verificar a agenda, pode levar muito mais tempo que o normal.
Com esses exemplos, conseguimos ver como o ambiente de trabalho pode se dificultar para o portador de TOC, proporcionando um enorme desgaste mental, bem como sucumbir a produtividade e capacidade de entregar resultados.
No que lhe concerne, essa situação além de afetar sua produtividade, acaba desgastando suas relações com os colegas no ambiente de trabalho, devido ao desconhecimento e falta de empatia, levando seus colegas a zombarem ou levantarem impasses com a pessoa.
Situações essas que frequentemente, fazem com que a pessoa peça demissão ou se afaste permanentemente de suas atividades de trabalho.
Mas não é impossível que a pessoa trabalhe normalmente, mesmo sendo portadora do TOC. Como citamos anteriormente, através do tratamento a pessoa se torna capaz em lidar com suas obsessões e compulsões, permitindo conviver normalmente com a psicopatologia.
Como ajudar alguém com TOC?
Talvez quando você procurou se quem tem TOC pode trabalhar, não tenha sido exatamente para você, mas sim para entender melhor o assunto para ajudar um amigo ou família. E saber como ajudar uma pessoa com TOC, pode proporcionar um enorme alívio a pessoa, recuperar a qualidade de vida da pessoa e garantir que a patologia não evolua para outras doenças.
A primeira coisa que você precisa saber é que a pessoa com o TOC se sente muito mal e angustiada, portanto, a paciência e carinho é a melhor forma de começar. Conversar com a pessoa, apresentar todo o contexto da situação e demonstrar apoio pode ser o passo mais importante.
Principalmente considerando que a pessoa normalmente sabe que seus pensamento e ações são em muitos casos irracionais, proporcionando enorme vergonha, fazendo com que a pessoa não procure ajuda e tente disfarçar ao máximo. Essa dificuldade é maximizada, quando as pessoas a sua volta zombam dela, tornando tudo mais difícil.
A consequência disso é o isolamento, a pessoa deixa de socializar, sofre extrema angústia, esgotamento mental, frustração e apatia, algo que se assemelha muito a depressão.
E nesses momentos é que entra o papel de amigos e familiares, iniciar conversas delicadas e com muito empatia, mostrando a pessoa que entendem e quem ajudar a melhorar a situação.
Propor a pessoa o tratamento com um médico psiquiatra ou um psicologo especialista na terapia cognitivo-comportamento, se comprometendo a ajuda-la e apoiar em seu processo.
Com isso a pessoa conseguirá recuperar sua qualidade de vida e voltar ao ambiente de trabalho com qualidade e segurança.
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