Meningiomas: Sintomas, Diagnostico, Causas, Tratamentos e Recuperação

No nosso podcast de número 07, recebemos o Dr. Marcio Rassi, neurocirurgião e professor de neurocirurgia especializado no tratamento de tumores cerebrais e da base do crânio.

Neste corte, o Dr. Márcio Rassi nos explica o que são meningiomas (tumores das meninges), quais são os sintomas que um paciente com a doença apresenta, suas causas, opções de tratamento e como é a recuperação após uma cirurgia.

Neste vídeo a cima, abordamos uma série de perguntas enviadas por nossos seguidores sobre Meningiomas. Um tipo de tumor que, embora bastante comum, é pouco compreendido pela maioria das pessoas.

Para esclarecer todas as dúvidas, convidamos o Dr. Márcio para explicar o que é o meningioma, seus sintomas, diagnósticos e tratamentos. Acompanhe e descubra tudo o que você precisa saber sobre essa condição.

O que é um Meningioma?

Dr. Márcio explica que o meningioma é um tumor primário do sistema nervoso central. Ele se origina a partir das células das meninges, as membranas que revestem o sistema nervoso central. Diferente de outros tumores cerebrais, o meningioma se desenvolve fora do cérebro, mas pode pressioná-lo se crescer muito.

Os meningiomas são mais comuns em mulheres, ocorrendo três vezes mais frequentemente do que em homens. Eles são classificados como tumores benignos na maioria dos casos, especificamente no grau I, o que representa cerca de 90% dos meningiomas diagnosticados.

Mesmo sendo benignos, podem causar problemas significativos se crescerem e comprimirem estruturas cerebrais ou nervosas.

Sintomas do Meningioma

Os sintomas variam dependendo do tamanho e da localização do tumor. Meningiomas pequenos e assintomáticos são frequentemente descobertos por acaso, em exames de imagem feitos por outros motivos.

Quando os sintomas aparecem, podem incluir fraqueza em membros, alterações na fala ou visão, e outros sinais neurológicos específicos conforme a área afetada.

Principais Sintomas de Meningioma são:

• Fraqueza em Membros: Meningiomas localizados próximos às áreas motoras do cérebro podem causar fraqueza ou paralisia em braços ou pernas. Essa fraqueza pode ser progressiva, piorando com o tempo à medida que o tumor cresce e exerce mais pressão sobre o tecido cerebral.
• Alterações na Fala: Tumores próximos às áreas responsáveis pela linguagem podem levar a dificuldades na fala, como problemas na articulação das palavras, dificuldade em encontrar palavras ou, em casos mais graves, afasia (perda da capacidade de falar).
• Distúrbios Visuais: Se o meningioma está próximo ao nervo óptico ou às regiões do cérebro que processam a visão, o paciente pode experimentar perda de acuidade visual, visão turva, pontos cegos ou até perda total da visão em um ou ambos os olhos.
• Cefaleia: Dores de cabeça são um sintoma comum de meningiomas, especialmente se o tumor cresce e aumenta a pressão intracraniana. Essas dores de cabeça podem ser persistentes e intensas, frequentemente piorando pela manhã.
• Convulsões: A presença de um meningioma pode irritar o tecido cerebral adjacente, levando a convulsões. Esses episódios podem variar de leves a graves e podem ser um dos primeiros sinais de um problema neurológico subjacente.
• Alterações Cognitivas e de Personalidade: Dependendo da localização do tumor, podem ocorrer mudanças na memória, concentração e julgamento. Alterações de personalidade, como aumento da irritabilidade, depressão ou apatia, também podem ser observadas.
• Perda de Audição: Meningiomas localizados perto dos nervos auditivos podem causar perda de audição, zumbido nos ouvidos ou problemas de equilíbrio.
• Problemas de Coordenação e Equilíbrio: Tumores que afetam o cerebelo ou outras áreas responsáveis pela coordenação motora podem levar a problemas de equilíbrio, dificuldades na caminhada e falta de coordenação em movimentos precisos.

Diagnóstico do Meningioma

O diagnóstico é geralmente feito através de exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada. A tomografia é excelente para visualizar a parte óssea, enquanto a ressonância é ideal para observar os tecidos moles do cérebro e os nervos.

Exames de Imagem

O diagnóstico do meningioma é um processo crucial que envolve a identificação precisa da presença e localização do tumor, além de ajudar a determinar o plano de tratamento mais adequado. E os exames mais comuns e processão são:

Ressonância Magnética (RM)

A ressonância magnética é a ferramenta preferida para a visualização detalhada dos tecidos moles do cérebro. Utiliza campos magnéticos e ondas de rádio para gerar imagens detalhadas, oferecendo uma excelente resolução dos detalhes anatômicos e permitindo a detecção de tumores pequenos e sutis que podem ser facilmente perdidos em outros tipos de exames.

A RM é particularmente útil para identificar a extensão do tumor e sua relação com as estruturas cerebrais circundantes. Técnicas específicas de RM, como RM com contraste, ajudam a diferenciar os meningiomas de outras lesões cerebrais.

O uso de agentes de contraste intravenosos melhora a visibilidade dos tumores, destacando-os em relação ao tecido cerebral normal.

Tomografia Computadorizada (TC)

A tomografia computadorizada utiliza raios-X para criar imagens detalhadas do cérebro e é especialmente eficaz para visualizar a estrutura óssea do crânio. A TC é particularmente útil para detectar calcificações no meningioma e avaliar o impacto do tumor nos ossos do crânio, sendo frequentemente usada em situações de emergência devido à sua rapidez.

Embora a TC não ofereça o mesmo nível de detalhe para os tecidos moles que a RM, ela complementa a RM ao fornecer informações adicionais sobre a anatomia óssea e possíveis efeitos do tumor na estrutura óssea.

Outros Métodos Diagnósticos

Angiografia Cerebral

Este exame de imagem utiliza um corante de contraste injetado na corrente sanguínea e raios-X para visualizar os vasos sanguíneos no cérebro. É ocasionalmente usado para avaliar a vascularização do meningioma e planejar a cirurgia, especialmente se o tumor estiver próximo a vasos sanguíneos importantes.

Biópsia

Em casos raros, uma biópsia pode ser realizada para confirmar o diagnóstico. Este procedimento envolve a remoção de uma pequena amostra do tumor para exame microscópico. Geralmente, a biópsia não é necessária se os achados de imagem forem típicos de um meningioma, mas pode ser útil em casos de dúvida diagnóstica.

Processo de Diagnóstico

Histórico Clínico e Exame Físico

O diagnóstico começa com uma avaliação completa do histórico médico do paciente e um exame neurológico detalhado. Sintomas como dores de cabeça, fraqueza em membros, alterações visuais e convulsões são cuidadosamente investigados.

Exame Neurológico

Inclui testes de função motora, sensorial e cognitiva para avaliar o impacto do tumor no sistema nervoso.

Exames de Imagem

Os exames de imagem são fundamentais para confirmar a presença do meningioma. A ressonância magnética (RM) é realizada para obter imagens detalhadas do cérebro e do meningioma, enquanto a tomografia computadorizada (TC) é utilizada para complementar a RM e fornecer informações adicionais sobre a estrutura óssea.

Acompanhamento

Se o meningioma for pequeno e assintomático, pode ser recomendada a observação com exames de imagem regulares para monitorar o crescimento do tumor. Este acompanhamento permite avaliar se há necessidade de intervenção cirúrgica ou outros tratamentos, garantindo que o paciente receba o cuidado mais adequado.

Fatores de Risco

A exposição à radiação ionizante é o único fator de risco comprovado para o desenvolvimento de meningiomas. Pacientes que passaram por tratamentos de radioterapia no passado têm maior probabilidade de desenvolver esse tipo de tumor.

Tratamento do Meningioma

Nem todos os meningiomas necessitam de tratamento cirúrgico. Tumores pequenos e assintomáticos podem ser apenas monitorados.

No entanto, meningiomas maiores ou aqueles que causam sintomas significativos geralmente requerem remoção cirúrgica. A cirurgia varia em complexidade e duração, dependendo da localização e do tamanho do tumor.

Monitoramento

Para tumores pequenos e assintomáticos, recomenda-se a vigilância ativa com exames de imagem periódicos, como ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC), para monitorar o crescimento do tumor.

Cirurgia

A remoção cirúrgica é indicada para tumores maiores ou sintomáticos. A complexidade e duração da cirurgia dependem da localização e do tamanho do tumor. Existem diferentes abordagens:

• Cirurgia Convencional: Envolve a abertura do crânio para remover o tumor, geralmente com boa recuperação.
• Cirurgia Minimamente Invasiva: Utiliza técnicas como a endoscopia para remover o tumor através de pequenas incisões, resultando em recuperação mais rápida e menos dor pós-operatória.

Radioterapia

Para tumores não completamente removidos ou recidivantes, a radioterapia é uma opção eficaz. Tipos de radioterapia incluem:

• Radioterapia Externa: Feixes de radiação direcionados ao tumor.
• Radiocirurgia Estereotática: Alta dose de radiação com precisão, ideal para tumores pequenos e localizados.

Recuperação Pós-Cirúrgica

A recuperação após a cirurgia de meningioma depende de diversos fatores, incluindo a complexidade da cirurgia e a saúde geral do paciente.

Em casos de tumores superficiais, a recuperação pode ser rápida, com alta hospitalar em poucos dias. Tumores localizados mais profundamente ou que envolvem nervos podem exigir uma recuperação mais longa.

Considerações Finais

A maioria dos pacientes submetidos à cirurgia para remoção de meningiomas se recupera bem e retorna às suas atividades normais em alguns meses. O acompanhamento médico é essencial para monitorar qualquer possível recorrência ou complicação.

Dr. Márcio enfatiza que a detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para um prognóstico positivo.