Febre Amarela: Sintomas, Causas, Diagnóstico e Tratamento
A febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos infectados que, apesar de ser prevenível por meio da vacinação, continua representando um desafio significativo para a saúde pública no Brasil e em outras regiões tropicais do mundo.
Causada por um flavivírus, a infecção pode variar de casos assintomáticos ou leves até quadros graves, levando a complicações hepáticas, insuficiência renal e sangramentos severos, com alta taxa de letalidade.
No Brasil, surtos periódicos ocorrem principalmente em áreas de mata e zonas rurais, onde primatas não humanos atuam como hospedeiros do vírus e os mosquitos vetores mantêm sua transmissão. No entanto, o risco de reurbanização da febre amarela, com a participação do Aedes aegypti — mesmo mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya — preocupa especialistas em saúde.
Compreender os sintomas, as formas de transmissão, o diagnóstico e as possibilidades de tratamento é fundamental para evitar complicações e controlar a disseminação da doença. Além disso, a vacinação e o controle de vetores seguem como medidas indispensáveis para a proteção da população, especialmente em períodos de maior incidência.
Neste artigo, exploramos todos os aspectos da febre amarela, trazendo informações atualizadas e recomendações das principais autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que você possa se proteger e contribuir para a prevenção dessa doença potencialmente fatal.
O que é Febre Amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa viral aguda, transmitida por mosquitos infectados, que pode variar de manifestações leves a formas graves e potencialmente fatais. A doença é endêmica em regiões tropicais da África e da América do Sul, incluindo o Brasil.
O termo “amarela” refere-se à icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) que pode ocorrer nos casos mais severos.
Regiões com Maior Incidência de Febre Amarela no Brasil
A febre amarela apresenta uma distribuição geográfica variável no Brasil. Historicamente, as regiões Norte e Centro-Oeste são consideradas áreas endêmicas, com casos registrados ao longo dos anos.
Entretanto, surtos recentes têm ocorrido em outras regiões, como o Sudeste. A tabela a seguir ilustra a distribuição de casos confirmados de febre amarela por região entre 2015 e 2018:
Região | Casos Confirmados | Óbitos |
---|---|---|
Sudeste | 464 | 154 |
Centro-Oeste | 85 | 45 |
Norte | 12 | 5 |
Nordeste | 1 | 1 |
Sul | 0 | 0 |
Fonte: https://www.bjid.org.br/en-prevalencia-de-mortalidade-por-febre-articulo-S1413867020303421
Sintomas da Febre Amarela
Após a picada de um mosquito infectado, os sintomas geralmente surgem entre três e seis dias. Inicialmente, a pessoa pode apresentar febre alta, calafrios, dores de cabeça intensas, dores musculares, especialmente nas costas, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Em muitos casos, esses sintomas desaparecem após alguns dias.
No entanto, cerca de 15% dos infectados podem evoluir para uma forma mais grave da doença, caracterizada por febre recorrente, icterícia (pele e olhos amarelados), dores abdominais e sangramentos. Nessa fase, a taxa de letalidade pode chegar a 50%.
Após um período de incubação de 3 a 6 dias, os sintomas iniciais podem incluir:
- Febre alta
- Calafrios
- Dor de cabeça intensa
- Dores musculares, especialmente nas costas
- Náuseas e vômitos
- Fadiga e fraqueza
Em alguns casos, após uma breve melhora, a doença pode evoluir para uma fase mais grave, caracterizada por:
- Icterícia
- Dor abdominal
- Sangramentos (gengivas, nariz, trato gastrointestinal)
- Insuficiência renal
A taxa de letalidade nessa fase pode ser elevada.
Transmissão e Causas
O vírus da febre amarela pertence ao gênero Flavivirus e é transmitido principalmente por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes em áreas silvestres, e pelo Aedes aegypti em áreas urbanas.
Embora o último caso de transmissão urbana no Brasil tenha sido registrado em 1942, a presença do Aedes aegypti em zonas urbanas mantém o risco de reurbanização da doença. É importante destacar que a febre amarela não é transmitida de pessoa para pessoa.
Diagnóstico
O diagnóstico da febre amarela é realizado por meio de avaliação clínica e exames laboratoriais específicos. Nos primeiros dias de sintomas, é possível detectar o RNA viral no sangue através de técnicas de biologia molecular, como o RT-PCR.
Após o quinto dia, a sorologia para identificação de anticorpos IgM torna-se o método mais indicado. A confirmação laboratorial é essencial para diferenciar a febre amarela de outras doenças com sintomas semelhantes, como dengue e leptospirose.
Tratamento
Não existe um tratamento antiviral específico para a febre amarela. O manejo da doença é baseado no alívio dos sintomas e no suporte às funções vitais do paciente. Isso inclui hidratação adequada, uso de medicamentos para controle da febre e da dor (evitando-se anti-inflamatórios não esteroides e ácido acetilsalicílico devido ao risco de sangramentos), e monitoramento constante das funções hepática e renal. Em casos graves, pode ser necessária a internação em unidades de terapia intensiva.
Prevenção
A vacinação é a principal medida preventiva contra a febre amarela. A vacina é segura, eficaz e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para indivíduos a partir de 9 meses de idade que residem ou planejam viajar para áreas de risco.
Além da vacinação, é fundamental adotar medidas para evitar a proliferação de mosquitos, como eliminar recipientes que possam acumular água parada, utilizar repelentes, instalar telas em portas e janelas e usar roupas que cubram a maior parte do corpo.
Vacinação contra a Febre Amarela
A vacinação é a principal medida preventiva contra a febre amarela. A vacina é segura, eficaz e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para indivíduos a partir de 9 meses de idade que residem ou planejam viajar para áreas de risco.
A imunização deve ser realizada pelo menos 10 dias antes da viagem para garantir a proteção adequada. Uma única dose da vacina é suficiente para conferir imunidade ao longo da vida. No entanto, é fundamental consultar um profissional de saúde para avaliar possíveis contraindicações e receber orientações específicas.
Situação Epidemiológica Atual
O estado de São Paulo tem registrado um aumento nos casos de febre amarela em 2025. Até fevereiro, foram confirmados 14 casos, dos quais 9 evoluíram para óbito. As mortes ocorreram em municípios como Socorro, Amparo, Santo André, Bragança Paulista, Campinas, Brotas e Valinhos.
A maioria dos casos está associada a áreas rurais, e não há evidências de transmissão urbana da doença. As autoridades de saúde reforçam a importância da vacinação, especialmente para aqueles que residem ou pretendem viajar para regiões de mata ou rurais.
A vacina está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do estado e deve ser administrada pelo menos 10 dias antes da exposição ao risco. Além disso, medidas como o uso de repelentes, roupas que cubram a maior parte do corpo e a instalação de telas em portas e janelas são recomendadas para prevenir picadas de mosquitos.
Dúvidas Frequentes sobre Febre Amarela (FAQ)
Regiões de mata e rurais das Américas do Sul e Central, incluindo partes do Brasil, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Os mosquitos Haemagogus e Sabethes no ciclo silvestre e o Aedes aegypti no ciclo urbano (não registrado no Brasil desde 1942).
Pela picada de mosquitos infectados com o vírus da febre amarela após se alimentarem do sangue de primatas contaminados.
Eles são hospedeiros naturais do vírus e indicam a circulação da doença na natureza, ajudando no monitoramento epidemiológico.
O período de incubação varia de 3 a 6 dias.
Sim, pode ser confundida com dengue, leptospirose e malária. O diagnóstico diferencial é essencial para confirmar a infecção.
O vírus sofre variações genéticas naturais, mas não há mutações significativas que alterem a eficácia da vacina.
Os surtos ocorrem principalmente na estação chuvosa, entre dezembro e maio.
Os mosquitos transmissores do ciclo silvestre picam mais durante o dia, especialmente ao amanhecer e entardecer.
Não. A transmissão ocorre apenas pela picada de mosquitos infectados, não havendo transmissão direta entre pessoas.
Com vacinação, uso de repelentes, roupas que protejam a pele e eliminação de criadouros de mosquitos.
Pessoas a partir de 9 meses de idade que vivem ou viajam para áreas de risco.
Não. Desde 2017, a OMS e o Ministério da Saúde recomendam apenas uma dose para proteção vitalícia.
Gestantes, idosos acima de 60 anos, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas devem consultar um médico antes da vacinação.
Sim, mas é importante evitar medicamentos imunossupressores e sempre consultar um médico em caso de dúvidas.
Sim, efeitos leves como febre e dor no local da aplicação são comuns. Reações graves são raras.
O aumento de casos está ligado ao desmatamento, mudanças climáticas e baixa cobertura vacinal, favorecendo a circulação do vírus.
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