Condromalácia Patelar: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento? Entenda tudo sobre assunto!
A Condromalácia Patelar é uma das lesões/doenças no joelho mais comuns na população em geral, não por menos, talvez uma das mais estudadas em medicina do esporte, atingindo principalmente o publico feminino.
A Condromalácia vem chamado cada vez mais atenção dos especialistas, visto que a sua incidência vem aumentando, bem como por ela ser a considerada a principal causa de dor crônica no joelho.
Em percentuais gerais, a doença afeta cerca de 70 a 80% da população mundial, segundo os últimos estudos sobre o tema, tornando-se um tema preocupante, portanto, necessitando de entendimento.
Estudos recentes sobre a Condromalácia, demonstram que a doença está intimamente ligada a distúrbios biomecânicos, e anatômicos, bem como fatores adversos como obesidade e prática inadequada de movimentação em atividades físicas ou no próprio dia a dia.
E a doença vem se tornando um tema relevante, com isso a Condromalácia Patelar, é alvo de desinformação, sendo assim, para ajudar você, nós preparamos um material completo, explicando o que é a Condromalácia Patelar, suas causas, sintomas e formas de tratamento, continue lendo.
Antes de começarmos, gostaríamos de ressaltar que esse conteúdo é pautado na entrevista realizada com Dr. Adriano Leonardi, aqui para o BoaConsulta, da qual você pode conferir CLICANDO AQUI.
O que é Condromalácia Patelar?
A Condromalácia Patelar ou Condropatia é uma doença que ocorre na região do joelho, mais precisamente na cartilagem articular do joelho e sua principal característica é o amolecimento seguido da erosão da cartilagem do osso chamado patela. O osso da Patela fica localizado na parte frontal do joelho, e é denominado popularmente como “bolacha do joelho”.
Com o surgimento da condromalácia, a cartilagem da patela tende a um amolecimento, tornando a cartilagem cada vez menos eficiente, para absorver impactos as quais a região é submetida. Uma vez com esse quadro, a região é exposta a uma sobrecarga do osso subcondral, proporcionado quadros de dor.
A condromalácia recebe classificações de acordo a seu nível de gravidade, como um grau nível 1 que seria o amolecimento simples da cartilagem, até um nível 04, por exemplo, que se apresentaria com fissuras, degeneração e até exposição do osso subcondral (osso recoberto pela cartilagem).
Ainda sobre o que é a condromalácia patelar, é preciso compreendermos que ao falarmos de tecidos cartilaginosos, estamos nos referindo a regiões com poucas chances de cicatrização, dessa forma, ao se apresentar uma lesão da cartilagem, teremos poucas reações inflamatórias e chances quase nulas de cicatrização.
E com a ausência do tratamento adequado, a tendência é a projeção relativamente lenda, porém progressiva da doença, evoluindo para graus e quadros de erosão cada vez mais elevados, podendo ocasionar outras doenças como artrose precoce da articulação patelofemoral, por exemplo.
Outro ponto muito importante a respeito da condromalácia patelar, é que ao lidarmos com cartilagens, também estamos nos referindo a regiões do corpo humano, das quais, não possuem terminações nervosas, sendo assim, com a ocorrência da lesão a cartilagem não dói.
No entanto, com o surgimento da lesão a região perde uma grande capacidade de absorver com qualidade as forças as quais o joelho é submetido. Como resposta direta a isso, outras estruturas importantes recebem essa sobrecarga, antes absorvida e bem distribuída pela cartilagem do osso da patela.
Essas estruturas por sua vez, possuem terminações nervosas, como tendões, ligamentos e o próprio osso subcondral que fica recoberto pela cartilagem.E a resposta a isso são os quadros de dores, inchaços e até perda da mobilidade na região do joelho.
Compreendido a seriedade da condromalácia patelar, surge a necessidade de entender seus sintomas, para que a prevenção ou tratamento seja realizado de forma rápida, evitando o avanço da doença.
Sintomas da Condromalácia Patelar
A respeito dos sintomas da condromalácia patelar, é preciso ter em mente que nem sempre esses sintomas serão aparentes no inicio, ou seja, nem sempre a condropatia vem acompanhada de dor no joelho.
No entanto, quando o paciente apresenta sintomas, devido ao desgaste da cartilagem da articulação do joelho, geralmente o inicio é acompanhado de um leve desconforto na parte interna do joelho, que se intensifica ao realizar atividades (subir e descer degraus, correr, ou até após ficar muito tempo sentado com o joelho curvado ou ficar em pé).
A pessoa ao apresentar os primeiros sintomas de condromalácia, pode também relatar um “aperto” ou “incomodo na articulação” proporcionando a dificuldade de usar salto alto em mulheres, bem como dificuldade para dirigir ou passar longos períodos em pé.
Com o surgimento dos primeiros sinais da condropatia, sem o devido tratamento, a tendência é a progressão da doença, levando o joelho a inchar, proporcionando perde de força muscular do quadríceps.
Com a ocorrência da progressão, os seguintes sintomas de condromalácia patelar podem surgir:
- Dor no joelho ao subir e descer escadas, correr ou levantar-se da cadeira, por exemplo;
- Dor em volta da rótula do joelho especialmente ao dobrar a perna;
- Ardência ou dor no joelho ao ficar com a perna dobrada por algum tempo;
- Sensação de crepitação (ter areia dentro do joelho) ou estalos no joelho;
- Joelho um pouco mais inchado.
Segundo o médico ortopedista especialista em joelho Dr. Adriano Leonardi o avanço da condromalácia, em estágios mais avançados da condromalácia, a atrofia torna-se intensa com muita fadiga muscular e movimentos do dia-a-dia como caminhar e subir escadas, tornam-se impossíveis.
Dr. Adriano Leonardi
Níveis da condromalácia patelar
Ao falarmos da condropatia que afeta a cartilagem da articulação do joelho, estamos os referindo a uma doença que possui basicamente quatro graus, divididos em níveis de gravidade.
Vejamos a seguir como se dividem esses graus e quais as suas características mais marcantes, afetando a qualidade de vida do paciente.
Condromalácia nível 1: o paciente sente a sensação de “areia” no joelho, estalos, cansaço e dor nas pernas, podendo inchar o joelho, porém, são sintomas leves e que facilmente podem ser ignorado pelo paciente, levando ao desenvolvimento do grau 2.
Condromalácia nível 2: a pessoa passa a ter dores mais intensas no joelho e demais regiões, bem como a notar estalos cada vez mais fortes, sintomas esses apresentados com intensidade, durante a prática de atividades físicas, quando passa muito tempo sentado (a), ou em mulher ao usar salto alto, bem como o ato de subir escadas e rampas.
Condromalácia nível 3: Nesse estágio, em função de outros sintomas citados em níveis anteriores, a pessoa evita realizar atividade, afim com a finalidade de evitar a dor, tornando-se motivo de debilitação da qualidade de vida da pessoa, fase mais comum, onde o paciente definitivamente procura ajuda.
Condromalácia nível 4: nessa fase o desgaste já está bem avançado, causando muito incômodo e dor, onde o osso subcondral já se encontra exposto, proporcionando grande debilitação, até mesmo para as atividades mais básicas, muitas vezes necessitando de cirurgia.
Causas da condromalácia patelar
Ao falarmos das causas da condromalácia patelar, é preciso compreender que todos, homens e mulheres, em algum momento da vida iremos desenvolver, mas nem sempre será sinônimo de algo limitante ou que cause problema ao nosso cotidiano.
Sobretudo, não temos uma resposta definitiva sobre as causas da condromalácia, mas o que se sabe é que o desgaste nessa região ocorre em função de uma série de fatores, como traumas, obesidade, sedentarismo, desalinhamento do joelho, movimentação inadequada durante atividades físicas, atividades de alto impacto, fatores anatômicos e biomecânicos e até mesmo a idade.
Os fatores podem ser os mais diversos, mas sabemos que existe uma clara relação com as atividades e qualidades de movimentos e biomecânica individual, como alterações do encaixe da patela com o fêmur.
As causas comuns da condromalácia patelar são:
- Alterações anatômicas
- Envelhecimento
- Esporte praticado
- Distúrbios biomecânicos
- Excesso de peso
- Pé plano
- Lesões anteriores
- Alto nível de atividade física
Diagnóstico da condromalácia patelar
O diagnóstico da condromalácia patelar, precisa ser centrado em entender o histórico do paciente, principalmente com o objetivo de evitar erros, procurando avaliar cada caso com muito cuidado, visando a investigação da fonte do problema, para a resolução mais adequada.
Segundo o médico ortopedista Dr. Adriano Leonardi a história detalhada dos sintomas da condromalácia como o início da dor, localização, inchaços, estalidos, rangidos, perda de força, relação com o uso de escadas e incapacidade para a prática esportiva é fundamental.
Para o diagnóstico da doença, inicialmente o médico pode aplicar testes biomecânicos, nesse teste o objetivo é observar a ocorrência de algum distúrbio, bem como avaliar a qualidade da contração realizada pelo músculo anterior da coxa.
Com esses testes iniciais o médico visa avaliar a excentricidade do paciente, além de averiguar a presença de hiperfroxidão ligamentar. Em busca da causa do problema, o especialista observa fatores como pé plano, anomalias no alinhamento dos membros inferiores entre outras coisas.
Durante todo esse processo clínico, o médico procurar diversos sinais, como áreas de inchaço ou a própria dor na região do joelho. Seguindo com os testes, o especialista procura avaliar o alinhamento do joelho com o osso da coxa.
A avaliação do alinhamento é de extrema importância, pois é um forte indicativo que a condromalácia se faz presente. Ao aplicar testes irritativos patelares, caso a dor se apresente, o diagnóstico de condromalácia patelar é considerado positivo.
Existem também os auxílios da tecnologia, como os exames de imagem, como a radiografia, tomografia e a ressonância magnética.
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Tratamento para condromalácia patelar
O tratamento da condromalácia vai depender muito do diagnóstico dado por seu médico, visto que os fatores que causaram o problema são os mais diversos, sendo assim, o tratamento vai depender da causa e principalmente da gravidade dos sintomas apresentados.
Dependendo do nível de desgaste da região, o médico ortopedista pode indicar apenas o uso de medicamentos durante o tratamento em conjunto dos exercícios de fortalecimento dos músculos da perna.
Já nos casos onde o desgaste está avançado ou grave, pode ser recomendada a cirurgia, muito em razão da dor que o paciente possa estar sentindo e limitações.
É importante ressaltarmos que o tratamento é fundamental, se possível o mais precoce, afinal estamos falando de uma doença progressiva, com tendência de evoluir para casos graves.
Dito isso, relembramos um trecho citado a cima, do qual falamos que a cartilagem praticamente não possui a capacidade de cicatrização, tornando os danos na região irreversíveis.
Sendo assim, o tratamento é uma maneira de evitar a progressão da condromalácia patelar, redistribuindo as cargas incidentes no joelho, aprimorando a capacidade muscular para melhor absorverão de impactos na região e “remanejando” forças da articulação femoropatelar para os músculos do quadril e tornozelo.
Vejamos a seguir quais são as opções de tratamento mais eficientes, continue lendo.
Tratamento não cirúrgico para condromalácia patelar
Antes de explicarmos quais são as principais recomendações de tratamento, é importante frisarmos que tudo vai depender do caso em específico, sendo assim, podemos contatar que o tratamento não cirúrgico da condromalácia, é recomendado para casos menos graves.
Além disso, os tratamentos se iniciam com o propósito de amenizar ou acabar com a dor, sendo necessário medidas de fortalecimento e manutenção da estrutura.
São opções de tratamento não cirúrgicos:
Fisioterapia
A fisioterapia no tratamento da condromalácia patelar, tem o objetivo de corrigir distúrbios biomecânicos e fortalecer estruturas como o quadríceps, adutores e abdutores e isquiotibiais. E também tem como objetivo central melhorar a musculatura, força e equilíbrio muscular.
Dessa forma protegendo a estrutura do joelho, evitando desalinhamento durante a movimentação, seja nos esportes ou no cotidiano. Normalmente, são recomendados exercícios isométricos sob eletro-estimulação, também conhecidos como FES ou corrente russa.
Redução da intensidade ou substituição temporária da modalidade esportiva
Para quem pratica atividade física ou é uma atleta, torna-se mais fácil a ocorrência da doença, mas não por causa da prática, mas sim devido a movimentações erradas na atividade.
Então como forma de tratamento não cirúrgico, a redução da intensidade e volume de treino pode ajudar, bem como em casos como corredores, para manter o nível de capacidade cardiorrespiratória, fazer atividades como natação e ciclismo pode ajudar na recuperação.
Infiltração do Joelho com Ácido Hialurônico
O tratamento com ácido hialurônico, procura a redução da morte do cartilaginoso e da reação inflamatória que ocorre em quadros de condromalácia. Dessa forma o avanço da doença é freado, bem como combate a dor intensa na articulação do joelho.
Vale ressaltar que a infiltração de hialurônico, tem indicação principalmente em casos, onde o grau da doença está avançado, ou em atletas que precisam voltar o mais breve possível ao esporte.
No vídeo abaixo você pode conferir a explicação detalhada sobre o uso do Ácido hialurônico no tratamento da Condromalácia patelar.
Tratamento cirúrgico para condromalácia patelar
O tratamento cirúrgico só é recomendado quando realmente é necessário, quando o caso é mais grave e é preciso conter e “restaurar” a estrutura da melhor forma possível.
Com os avanços nos estudos sobre condromalácia patelar, felizmente a recuperação é bastante satisfatória, e na maioria dos casos é possível realizar apenas o tratamento não cirúrgico.
Mas então quando é preciso operar? Os casos onde o tratamento cirúrgico se faz necessário são:
- Persistência da dor, apesar do tratamento ter sido bem realizado;
- Desalinhamentos da patela como a báscula excessiva. Na tomografia computadorizada, isso é comumente descrito como alteração (aumento) do índice GT-TA;
- Sinais de má evolução da condropatia como inchaço, falseios, aumento dos rangidos e agravo da atrofia muscular;
- Lesão da cartilagem da tróclea (trilho onde a patela corre), descrita como condropatia troclear ou “lesão em espelho”.
Como acontece o procedimento cirúrgico da condromalácia patelar?
Uma vez necessário a cirurgia do joelho para tratamento da condromalácia patelar, o mais comum e escolhido peles médicos, é a técnica chamada Artroscopia do joelho. Uma técnica pouquíssimo invasiva e lesiva para o paciente, trata-se da inserção de uma câmera na estrutura do joelho, através de duas pequenas inserções, chamadas portais.
Em uma dessas entradas, o ortopedista faz o manejamento da câmera e, no segundo “portal” o médico faz o trabalho nos tecidos do joelho. Durante esse processo cirúrgico, o objetivo é a retirada de fragmentos cartilaginosos soltos e interpostos, que recebe o nome de desbridamento.
Após esse primeiro processo, acontece a chamada micro-perfuração no osso que se encontra exposto, essa técnica recebe o nome de micro-fraturas, e por último o médico opera uma espécie de limpeza no joelho, que recebe o nome de toalete articular.
Além desse primeiro procedimento citado, o tratamento por meios cirúrgicos, propõe mais duas técnicas para casos diferentes.
Nos casos onde o quadro do paciente se trata de um desalinhamento com a báscula da patela excessiva, é realizado a soltura lateral da patela, através do procedimento chamado “release lateral” associado ou não ao reposicionamento do músculo interno da coxa.
Sobretudo em casos mais graves e avançados da condropatia e fase inicial da artrose da patela, é comum o uso de técnicas cirúrgicas como a patelectomia, que visa a porção externa da patela, onde ocorre o “serramento” e retirada. Mas calma, apesar de ser assustadora essa última técnica, é uma opção com alta capacidade de alívio da dor.
Quer saber mais a respeito do assunto? Nós realizamos uma entrevista sobre Condromalácia Patelar com o médico ortopedista Dr. Adriano Leonardi, CLIQUE AQUI e confira a entrevista completa.