Como e Feita Cirurgia de Glioma? Neurocirurgião Explica!

No nosso podcast de número 06, recebemos o Dr. Marcio Rassi, neurocirurgião e professor de neurocirurgia especializado no tratamento de tumores cerebrais e da base do crânio.

Neste trecho, o Dr. Márcio Rassi nos explica, de modo geral, como são realizadas as cirurgias de remoção de gliomas, considerando as múltiplas variações. Ele aborda casos em que o paciente é operado acordado para mapear os estímulos e realizar testes neuropsicológicos, visando garantir o maior sucesso possível do procedimento.

ACOMPANHE O TRABALHO DO DR. MARCIO RASSI

Quando um paciente possui um glioma, capaz de afetar áreas responsáveis pela linguagem, por exemplo. Os neurocirurgiões podem recorrer a uma técnica especial conhecida como cirurgia com o paciente acordado.

Esta abordagem permite que os médicos operem em regiões próximas à área da fala, monitorizando de forma precisa e segura a função linguística durante a remoção do tumor.

Monitorização da Área da Fala

Ao contrário da área motora, que pode ser monitorizada com o paciente sob anestesia, a área da fala exige que o paciente esteja acordado. Durante a cirurgia, os neurocirurgiões utilizam estímulos elétricos e testes neuropsicológicos para mapear as regiões relacionadas à fala.

Por exemplo, ao mostrar uma fotografia de um copo e perguntar ao paciente o que é, os médicos avaliam a capacidade do paciente de responder corretamente e observar qualquer alteração na pronúncia.

Equipe Multidisciplinar

A realização dessa cirurgia requer a colaboração de uma equipe multidisciplinar composta por neurocirurgiões, neuropsicólogos e fonoaudiólogos.

Esses profissionais conduzem exames neuropsicológicos durante a operação, ajudando a delinear os limites da área da fala e garantindo a precisão na remoção do tumor.

Complexidade da Cirurgia

Este tipo de cirurgia é considerado altamente complexo e geralmente demanda mais tempo do que outras operações neurológicas devido aos testes e mapeamentos contínuos realizados durante o procedimento.

A cirurgia pode ser feita com o paciente acordado desde o início ou apenas durante a manipulação do tumor, com o paciente sendo acordado e sedado conforme necessário.

Pós-Operatório e Recuperação

A recuperação pós-operatória varia conforme a localização e o tamanho do tumor. Normalmente, o paciente passa um dia na UTI e um ou dois dias no quarto.

Tumores menores e mais superficiais tendem a ter uma recuperação mais rápida, enquanto tumores maiores ou localizados em regiões críticas podem exigir mais tempo de observação no hospital.

Seleção dos Pacientes

Nem todos os pacientes são candidatos ideais para a cirurgia com o paciente acordado. Pacientes muito ansiosos ou com condições médicas como tosse crônica podem não ser adequados para este tipo de procedimento. A seleção cuidadosa dos pacientes é crucial para garantir o sucesso da cirurgia.

Preparação para a Cirurgia de Glioma: Passos Essenciais e Considerações

A preparação para a cirurgia de glioma é uma etapa crucial que envolve múltiplos aspectos, desde a avaliação médica até o planejamento detalhado do procedimento. Este preparo visa assegurar a máxima segurança do paciente e o sucesso da intervenção cirúrgica.

Avaliação Médica Completa

O primeiro passo na preparação é uma avaliação médica abrangente. O neurocirurgião realizará uma série de exames para determinar a localização, o tamanho e as características do glioma.

Isso pode incluir ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), além de outros testes específicos, como a ressonância magnética funcional (fMRI) para mapear áreas críticas do cérebro.

Consulta Multidisciplinar

A cirurgia de glioma frequentemente envolve uma equipe multidisciplinar. Além do neurocirurgião, essa equipe pode incluir neuropsicólogos, fonoaudiólogos, anestesistas especializados e outros profissionais de saúde. Cada membro da equipe desempenha um papel vital na avaliação e no planejamento do procedimento.

Avaliação Neuropsicológica

Antes da cirurgia, o paciente pode passar por uma avaliação neuropsicológica detalhada. Este processo ajuda a estabelecer uma linha de base das funções cognitivas e linguísticas do paciente, permitindo comparações pós-operatórias. Os testes neuropsicológicos também ajudam a planejar a estratégia de mapeamento cerebral durante a cirurgia.

Planejamento da Anestesia

A anestesia é um aspecto crítico da cirurgia de glioma, especialmente se a operação for realizada com o paciente acordado. O anestesista neuroespecialista discutirá com o paciente os métodos de sedação e analgesia que serão utilizados, garantindo conforto e colaboração durante o procedimento.

Em cirurgias onde o paciente fica acordado, ele será sedado apenas parcialmente durante a remoção do tumor, permitindo interações e testes ao longo da operação.

Preparação Psicológica

A preparação psicológica é fundamental, especialmente para cirurgias em que o paciente ficará acordado. Os pacientes podem se sentir ansiosos sobre estar conscientes durante a operação. Sessões de aconselhamento e discussões detalhadas com a equipe médica podem ajudar a aliviar essas preocupações, esclarecendo o processo e o que esperar durante a cirurgia.

Orientações Pré-Operatórias

Os pacientes receberão orientações específicas sobre como se preparar nos dias que antecedem a cirurgia. Isso pode incluir recomendações sobre jejum, medicamentos a serem tomados ou suspensos, e cuidados gerais de saúde. Seguir essas orientações rigorosamente é vital para minimizar riscos e complicações durante o procedimento.

Simulação e Planejamento Cirúrgico

Em alguns casos, os neurocirurgiões utilizam tecnologias avançadas de imagem e simulação para planejar a cirurgia com precisão. Modelos tridimensionais do cérebro e do tumor podem ser criados para ajudar os cirurgiões a visualizar a melhor abordagem para a remoção do glioma, minimizando danos às áreas funcionais críticas.

Preparação do Ambiente Cirúrgico

O ambiente cirúrgico deve estar preparado com todos os equipamentos necessários para monitorização e intervenções de emergência. Isso inclui sistemas de mapeamento cerebral, equipamentos de anestesia específicos e ferramentas neurocirúrgicas especializadas.

A equipe cirúrgica realiza uma checagem completa antes do início do procedimento para garantir que tudo esteja em ordem.